A pipa e a flor
A história começa com algumas considerações de um personagem
que
deduzimos ser um velho sábio. Ele observa algumas pipas presas aos
fios
elétricos e aos galhos das árvores e sente-se triste por vê-las
nesta
condição: porque as pipas foram feitas para voar! Ele acrescenta que
as
pessoas também precisam ter uma pipa solta dentro delas para
serem
boas. Mas aponta um fator contraditório: Para voar, a pipa tem
que
estar presa numa linha e a outra ponta da linha precisa estar segura
na
mão de alguém. Poder-se-ia pensar que, cortando a linha, a pipa
pudesse
voar mais alto, mas não é assim que acontece. Se a linha for
cortada, a pipa
começa a cair.
Em seguida, ele narra a história de um menino que
confeccionou uma
pipa. Ele estava tão feliz, que desenhou nela um sorriso.
Todos os
dias, ele empinava a pipa alegremente. A pipa também se sentia feliz
e,
lá do alto, observava a paisagem e se divertia com as outras pipas
que
também voavam.
Um dia, durante o seu vôo, a pipa viu lá embaixo uma
flor e ficou
encantada, não com a beleza da flor, porque ela já havia visto
outras
até mais bonitas, mas alguma coisa nos olhos da flor a
havia
enfeitiçado. Resolveu, então, romper a linha que a prendia à mão
do
menino e dá-la para a flor segurar. Quanta felicidade ocorreu depois!
A
flor segurava a linha, a pipa voava; na volta, contava para a flor
tudo
o que vira.
Acontece que a flor começou a ficar com inveja e
ciúme da pipa.
Invejar é ficar infeliz com as coisas que os outros têm e nós
não
temos; ter ciúme é sofrer por perceber a felicidade do outro quando
a
gente não está perto. A flor, por causa dessses dois
sentimentos,
começou a pensar: se a pipa me amasse mesmo, não ficaria tão
feliz
longe de mim...
Quando a pipa voltava de seu vôo, a flor não mais se
mostrava feliz...
estava sempre amargurada, querendo saber com o que a pipa
estivera se
divertindo. A partir daí, a flor começou a encurtar a linha,
não
permitindo à pipa voar alto.
Foi encurtando a linha... até que a pipa
só podia mesmo sobrevoar a
flor.
Esta história, segundo o autor, ainda
não terminou e está acontecendo
em algum lugar neste exato momento.
Há
três finais possíveis para ela:
1. A pipa, cansada pela atitude da flor,
resolveu romper a linha e
procurar uma mão menos egoísta
2. A pipa, mesmo
triste com a atitude da flor, decidiu ficar... mas
nunca mais sorriu
3. A
flor, na verdade, estava enfeitiçada... e o feitiço se quebraria
no dia em
que ela visse a felicidade da pipa e não sentisse inveja ou
ciúme. Isso
aconteceu num belo dia de sol e a flor se transformou em
uma linda borboleta
e as duas voaram juntas...
Este texto foi dado em uma festa em que se
comemorava os 40 anos de um
casamento... Ficou patente o porquê da união
duradoura deles.
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