quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Kintsugi


Kintsugi é uma técnica japonesa de restauração de cerâmica. Diz-se que tudo começou com o shogun Ashikaga Yoshimasa que enviou para a China, para que lá fosse consertada, uma peça de cerâmica que havia se quebrado. Mas, quando a peça retornou a reparo era tão feio que ele pediu que artesãos japoneses refizessem tal restauração.



Foi então que os artesãos, imbuídos do espírito zen budista de mushin, desapego e aceitação, consertaram a peça utilizando uma mistura de laca e pó de ouro. Na cultura japonesa, as peças que recebem esta reparação comumente são mais valorizadas que as que estão intactas. Isso por que sua estética trabalha mais com questões como a transitoriedade e a impermanência do que com a beleza propriamente dita.




Ao invés de se envergonhar pelas “feridas” expostas, eles as embelezam para que sejam uma celebração constante da vida cotidiana. Dos pequenos e grandes erros que cometemos e da possibilidade que temos de aprender com isso. 



Ao contrário de nós que queremos sempre que as coisas voltem a ser como novas, eles querem mostrar que parte do nosso legado é aquilo que tentamos esconder com mais determinação: as nossas falhas e defeitos.


terça-feira, 30 de agosto de 2016

Desiderata





desiderata
(palavra latina, plural neutro de desideratus, -a, -um, particípio passado de desidero, -are, sentir a falta de, perder, desejar, esperar, procurar)
substantivo masculino
As coisas que se desejam e ainda não existem. = ASPIRAÇÃO, DESIDERATO

"desiderata", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/desiderata [consultado em 30-08-2016].



Siga tranquilamente entre a inquietude e a pressa,
lembrando-se de que há sempre paz no silêncio.
Tanto quanto possível sem humilhar-se,
mantenha-se em harmonia com todos que o cercam.
Fale a sua verdade, clara e mansamente.
Escute a verdade dos outros, pois eles também têm a sua própria história.
Evite as pessoas agitadas e agressivas: elas afligem o nosso espírito.
Não se compare aos demais, olhando as pessoas como superiores ou inferiores a você:
isso o tornaria superficial e amargo.
Viva intensamente os seus ideais e o que você já conseguiu realizar.
Mantenha o interesse no seu trabalho,
por mais humilde que seja,
ele é um verdadeiro tesouro na continua mudança dos tempos.
Seja prudente em tudo o que fizer, porque o mundo está cheio de armadilhas.
Mas não fique cego para o bem que sempre existe.
Em toda parte, a vida está cheia de heroísmo.
Seja você mesmo.
Sobretudo, não simule afeição e não transforme o amor numa brincadeira,
pois, no meio de tanta aridez, ele é perene como a relva.
Aceite, com carinho, o conselho dos mais velhos
e seja compreensivo com os impulsos inovadores da juventude.
Cultive a força do espírito e você estará preparado
para enfrentar as surpresas da sorte adversa.
Não se desespere com perigos imaginários:
muitos temores têm sua origem no cansaço e na solidão.
Ao lado de uma sadia disciplina conserve,
para consigo mesmo, uma imensa bondade.
Você é filho do universo, irmão das estrelas e árvores,
você merece estar aqui e, mesmo se você não pode perceber,
a terra e o universo vão cumprindo o seu destino.
Procure, pois, estar em paz com Deus,
seja qual for o nome que você lhe der.
No meio do seu trabalho e nas aspirações, na fatigante jornada pela vida,
conserve, no mais profundo do seu ser, a harmonia e a paz.
Acima de toda mesquinhez, falsidade e desengano,
o mundo ainda é bonito.
Caminhe com cuidado, faça tudo para ser feliz
e partilhe com os outros a sua felicidade". 





desiderata
(palavra latina, plural neutro de desideratus, -a, -um, particípio passado de desidero, -are, sentir a falta de, perder, desejar, esperar, procurar)
substantivo masculino
As coisas que se desejam e ainda não existem. = ASPIRAÇÃO, DESIDERATO

"desiderata", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/desiderata [consultado em 30-08-2016].
desiderata
(palavra latina, plural neutro de desideratus, -a, -um, particípio passado de desidero, -are, sentir a falta de, perder, desejar, esperar, procurar)
substantivo masculino
As coisas que se desejam e ainda não existem. = ASPIRAÇÃO, DESIDERATO

"desiderata", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/desiderata [consultado em 30-08-2016].
desiderata
(palavra latina, plural neutro de desideratus, -a, -um, particípio passado de desidero, -are, sentir a falta de, perder, desejar, esperar, procurar)
substantivo masculino
As coisas que se desejam e ainda não existem. = ASPIRAÇÃO, DESIDERATO

"desiderata", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/desiderata [consultado em 30-08-2016].

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Encerrando ciclos







Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos - não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram


Foi despedido do trabalho? Terminou uma relação? 
Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? 
A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações? 

Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado. 

Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.

As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora. Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração - e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar. 

Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.
Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.

Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do “momento ideal”. Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará. 

Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é.

domingo, 28 de agosto de 2016

Pessoas vazias


 Pessoas vazias são cheias. Cheias de descaso, de olhares julgadores e grama do vizinho. São cheias de seus narizes, de seus mundos próprios, onde ninguém entra, não senhor. Cheias de verdades, de espelhos generosos, de intolerâncias rabugentas. Eu demais e o outro de menos. Pessoas vazias são cheias de amor próprio, tão cheias que não sobra espaço para a acolhida do amor alheio. Cheias de faços, possos e causos. Sobra alegoria e falta samba-enredo. São autobiográficas, automáticas, autossuficientes, autolimpantes. Muitos fins e poucos meios. Muito teto e pouco chão. Sobra sombra e falta rouge. Pessoas vazias são cheias de nove-horas, de noves fora, de quero agora - não demora! Cheias de uma sabedoria que não permite falhas, de repúdio às críticas amigas, de domingos sem companhia, de cobertores imóveis e tapetes ágeis. São cheias de decibéis e pobres em sussuros, cheias de primeira pessoa, de discursos sem contexto e presenças deslocadas. Muito senhorio e pouco aluguel. Cheias de umbigo e carentes de coração. Sobram dedos apontados e faltam mãos para amparar. Pessoas vazias são cheias, sim. Cheias de vazio

sábado, 27 de agosto de 2016

Amizade e respeito


Não há algo mais rico para se dar a alguém que chamamos de amigo que  o sentimento de respeito. 
Não há nada de mais potente que a força do respeito.

Você pode não sentir amor, mas o respeito é sempre necessário para continuação sã de uma amizade. No sentimento de respeito habitam tantos componentes importantes, como a confiança naquele ser, no que ele representa. Pena que muitos indivíduos não têm noção do significado desta palavra, talvez porque durante o seu desenvolvimento em família não tiveram contato com esses significados essenciais. Mas nunca é tarde para aprender e mudar. Quando se é adulto se pode e temos o livre arbítrio. 
 
Nesse mundo para se viver bem, ao lado de pessoas maduras e que valem a pena de fato, é preciso experimentar respeito e entender a função dele na manutenção dos vínculos. 
 
Se você não pode oferecer respeito a um amigo, então não capaz de oferecer mais nada de saudável. Não há como gostar de uma pessoa se não a respeitamos, se não a admiramos, se não confiamos. Amor sem respeito não é amor, é conveniência.

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Muitas bênçãos





Não pergunte porque, e nem qual o motivo, pare uns minutos e abençoe.
Abençoe o dia, pois ele é a esperança de realizar seus sonhos.
Abençoe os familiares, pois são o seu alicerce, a base de sua vida.
Abençoe a condução, o seu carro, o ônibus, o metrô, o trem ou o barco, é como você pode se deslocar com rapidez.
Abençoe o clima; bendita chuva que limpa o ar e irriga a terra, bendito o sol que enche de vida o nosso planeta.
Abençoe os professores, que se dedicam a guiar nossos passos.
Abençoe os amigos, sem eles nós não caminhamos.
Abençoe os que nos odeiam, ou carregam inveja ou rancor, são eles que nos motivam a ser cada dia melhores.
Abençoe todos aqueles que duvidam de sua capacidade de realizar, serão a força para o seu sucesso.
Abençoe o alimento que chega até você, ele é fruto do trabalho de alguém, e vai saciar a sua fome.
Abençoe as dificuldades, elas são capazes de exercitar a sua capacidade de realizar.
Abençoe os que te criticam, serão as molas que te impulsionarão para o topo.
Abençoe os que te humilham, pobres infelizes que estão secos por dentro. Orai por eles.
Abençoe os que te caluniam, serão testemunhas da sua honestidade.
Abençoe os que se aproximam de você, e de um crédito a todos, até prova em contrário todos são dignos de confiança.
Abençoe os que te amam de verdade, é por eles que a vida vale a pena ser vivida.
Abençoe o tempo, valorize cada segundo da sua vida, o próximo minuto pode ser o seu minuto de glória, não o desperdice com lamentações.
Abençoe-se, você é a coisa mais importante para Deus neste momento.

Paulo Roberto Gaefke

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Eu



A mais longa caminhada só é possível passo a passo...
O mais belo livro do mundo foi escrito letra por letra...
Os milênios se sucedem, segundo a segundo...
As mais violentas cachoeiras se formam de pequenas fontes...
A imponência do pinheiro e a beleza do ipê começaram ambas na simplicidade das sementes...
O mais singelo ninho se fez de pequenos gravetos e a mais bela construção não se teria efetuado senão a partir do primeiro tijolo...
Como já refere o adágio popular, nos menores frascos se guardam as melhores fragrâncias...
É quase incrível imaginar que apenas sete notas musicais tenham dado vida à "Ave Maria", de Bach, e à "Aleluia", de Hendel...
O brilhantismo de Einstein e a ternura de Tereza de Calcutá tiveram que estagiar no período fetal e nem mesmo Jesus, expressão maior de Amor, dispensou a fragilidade do berço...
Ninguém pode mudar o mundo, mas podemos mudar uma pequena parcela dele: esta parcela que chamamos de "Eu".