quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

somos o que amamos


"Somos o que amamos" é uma expressão que está incluída na fraseologia de Santo Agostinho.


Uma frase lapidar e de que mais gosto.


Uma frase que traduz de maneira ímpar a experiência mais pura e cristalina do que é o amor.


O amor se identifica com o cotidiano e se estende para toda a eternidade.


Uma leveza infinita que habita em nossos corações.


Uma alegria suave que nos atravessa o corpo.


Por que não dizer que o amor é uma realidade maior que nos arranca de nós mesmos?E, com isso, fazemo-nos dom para aqueles que amamos.


Quando aprendemos que "somos o que amamos" descobrimos que por tantos e quantos caminhos andarmos estaremos sempre na companhia da pessoa amada.


Nosso corpo se transforma no corpo dela.


Nossos sonhos são extensão dos sonhos dela. Nossos desejos confundem-se com os dela.


Alguém disse: "Amar é dizer a alguém - Tu não morrerás".


Fantasia, imaginação, afetividade, inteligência prendem-nos ao processo de amar e de nos transformar na pessoa amada.


Nosso ser fica cativo do amor.


Lendo Rumi, um místico muçulmano, meu coração ficou acelerado com suas belas palavras:


"Teu amor chegou ao meu coração e partiu feliz.


Depois retornou e se envolveu com o hábito do amor, mas retirou-se novamente.


Timidamente, eu lhe disse:


Permanece dois ou três dias!


Então veio, assentou-se junto a mim e esqueceu-se de partir.


"Fico pensando que o amor nos leva a viver uma pontinha de egoísmo.


Afinal, desejamos a eternidade para a pessoa que amamos e para nós mesmos, que estamos amando.


Diante do amor renunciamos a interrupção, o cansaço, o término e o passageiro e abraçamos a eternidade como projeto único e suficiente de vida.


"Somos o que amamos" revela que a força do amor reside no desejo de ajudar no crescimento do outro fazendo-o melhorar e superar seus limites.


O amor não teme enfrentar o lado obscuro do outro e não desanima.


Ao contrário, fala quando acredita na força de uma conversa brotada do amor.


O amor é capaz de gerar um clima de empatia no qual os gestos e as palavras, nascidos do conhecimento do outro, penetram suave como a chuva fina e leve.

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