quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Mães só morrem quando querem







Desde que possa me lembrar, lá na casa da mamãe, quando um chinelo ficava virado eu corria imediatamente para desvirar.
O medo foi plantado em minha tenra memória de que se o chinelo assim permanecesse a mãe morreria. Essa crendice só fui entender mais tarde que alguma mãe deve ter dito isso para que os filhos mantivessem tudo arrumadinho.
Mas o meu medo continuou me acompanhando mesmo depois de adulta, de começarem a nascer cabelos brancos. isso porque eu tive o privilégio de ter por perto a minha mamãe vivendo até os 96 anos.
O medo deu lugar a um vazio enorme, que falta sinto de minha mãe. Não tenho falado muito sobre ela pois ainda estou absorvendo a sua ausência e isso dói muito.
Tenho meu coração em paz.

Nunca deixei um 'chinelo sem desvirar', e nisso tem o significado maior de que eu a amei mais que tudo, que eu estive sempre ao seu lado e que ela vai estar dentro de mim por toda a minha vida.
Hoje quando olho um chinelo virado, não importa em que lugar for, corro pra desvirar pois mãe nenhuma, mãe de ninguém pode 'correr este risco'.
















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