domingo, 14 de fevereiro de 2010

A simplicidade de ser



Estava observando como estamos sempre buscando "resolver" alguma coisa... e estamos o tempo todo correndo atrás de soluções para nossos problemas. O mais interessante é que a maior parte dessas dificuldades que temos que resolver... somos nós mesmos que criamos...
É que nosso ego decide que temos que resolver X coisas em tal espaço de tempo...
E nos coloca atrás dessas metas dia após dia... com isso o tempo vai passando... e a vida também...

Quase nunca deixamos um espaçozinho para que as coisas se resolvam sozinhas...

Só o fato de determinarmos as coisas que temos que fazer em certo espaço de tempo, já nos tira do fluxo natural da vida e nos desconecta do presente.

É um desafio, para mim, conseguir seguir qualquer plano marcado pela razão... Até planejo... mas seguir aquilo que planejei eu não consigo... já me senti muito culpada por isso; hoje nem tanto e até quero me desprender ainda mais... deixar a vida solta...

Tenho notado que pelo tempo não dá para resolver quase nada daquilo que penso que tenho que resolver. Se for fazer uma viagem, minha mente logo determina as inúmeras coisas que preciso resolver para poder viajar, do contrário a viagem não sai... No final vejo que não resolvi quase nada daquilo tudo... e a viagem acaba saindo.

Outro dia... na mesa do café da manhã, minha mente estava a mil por hora, justamente planejando... não uma... mas, duas viagens... Uma mais próxima e outra mais distante...
Minha mente, sempre muito rápida, já foi pensando um monte de coisas para eu resolver... e eu já ia embarcando.

Mas... de repente... olhei para mim, ali sentada na mesa do café... e me vi na mesa de café do local que eu iria visitar em uma dessas viagens...
Um alívio tão grande tomou conta de mim... porque, naquele momento, constatei que eu estaria lá... simplesmente... porque já tinha tudo que precisava.

A nossa mente... adora dar um jeitinho de nos prender, mas, se ficarmos mais espertos do que ela... e observarmos para onde ela está querendo nos levar... nós podemos pular fora, e aí... nesse pequeno espaço de tempo... uma clareza tão grande nos envolve, que toda complicação deixa de existir e dá lugar ao que é simples...

Somos levados a acumular tantas coisas, e a nos identificar com elas que, ao final... corremos o risco de viver em função dessas coisas todas que carregamos pela vida afora... sejam físicas ou conceituais...
No palco da vida nossas muitas imagens representam muitos papeis, que nos tomam quase todo o tempo... e, principalmente, nos roubam o que de mais precioso temos... a simplicidade do Ser

Bem aventurados os humildes de espírito, porque deles é o Reino do Céus , disse Jesus. O que significa humildes de espírito?
Nenhuma bagagem interior, nenhuma identificação. Nenhuma relação com coisas ou conceitos mentais que possuam uma percepção do eu.
E o que é o Reino dos Céus? A simples porém profunda, alegria do Ser que está presente quando abandonamos as identificações e nos tornamos humildes de espírito.


Eckhart Tolle



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