quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Ciranda da memória


O que é a nostalgia senão aquele sentimento que bate lá no fundo e nos faz voltar a tempos que ficaram, se não esquecidos, pelo menos guardados na nossa memória?

Daí o cérebro vai lá nos cantinhos mais profundos da nossa alma e buscam coisas simples e singelas do nosso passado para nos trazer de novo esse ar de criança feliz e arteira.

Ah! Nossos tempos de criança!..

Tempos em que éramos felizes e não sabíamos; que acreditávamos em papai Noel e tínhamos medo de mula sem-cabeça; tempo da inocência quando acreditávamos poder voar; quando nos sentávamos ao lado dos "mais velhos" e com os olhos arregalados ouvíamos as estórias (ou histórias - nunca nos perguntávamos sobre a veracidade dos fatos!);

quando sonhávamos ser princesas e que um belo príncipe encantado viria nos fazer feliz para sempre; e comíamos doce sem pensar em engordar; fabricávamos nossos próprios brinquedos com latas, madeira e muita imaginação...

Sem telefone, pouca televisão (em preto e branco!) e nenhum computador. Tempos de brincar de eu sou pobre, pobre, pobre e ainda assim se sentir feliz; de querer brincar de "Ciranda, cirandinha," "Samba-Lelê tá doente" e "Atirei o pau no gato" nos fins da tarde numa grande roda das crianças da vizinhança como se fôssemos uma grande família... e ficávamos "de mal" de vez em quando, mas isso passava logo nos jogos de bola ou de pique-esconde.

Subíamos em árvores para roubar manga e goiaba...

Menina brincava de boneca e menino de carrinho. E tínhamos nossos segredos de alta importância com nossa melhor amiga... e nosso coração já sabia bater escondido por aquele menino tímido... e os primeiros bilhetinhos com versos e corações?

E não compreendíamos por que aprender números e letras era tão importante, não nos preocupávamos com dinheiro e menos ainda com política... Nossas maiores dores eram de joelhos ralados e tombos de bicicleta...

Tempos perdidos na nossa memória e que são revividos quando encontramos um amigo de infância que nos faz lembrar que aquela criança ainda mora dentro de nós.

(Texto: Letícia Thompson)


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