terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Como criança




Mãe e filha a caminho de casa, voltando do optometrista.
Sua filha de dez anos de idade, entusiasmada, estava usando seu primeiro par de lentes de contato.
Agora conseguia enxergar direitinho e distinguir placas nas lojas, nomes de ruas e até mesmo folhas distintas nas árvores.
As lentes haviam custado muito dinheiro, mas seus pais estavam dispostos a fazer esse sacrifício, contanto que ela pudesse ver melhor e nunca mais ser chamada de "quatro olhos".
Sua mãe aproveitou o curto trajeto para casa a fim de explicar uma vez mais que ela precisava ser muito cuidadosa com as lentes de contato, especialmente até que estivesse mais acostumada com elas.
Dois dias mais tarde, enquanto sua mãe olhava pela janela, sorriu ao ver sua filha brincando alegremente com uma amiga, virando cambalhotas no gramado um pouco crescido no quintal.
De repente sua mãe lembrou:

Susana está com as lentes de contato. Será que não vai perdê-las, pulando daquele jeito?

Levantou-se para lhe fazer o lembrete de ser cuidadosa, mas no meio do caminho vinha Susana ao seu encontro para contar, com voz fraca e quase chorando:

-Acho que perdi uma de minhas lentes de contato.

 -Onde? 

 A pergunta era quase ridícula. Naturalmente, em algum lugar daquele gramado crescido.

 -Você sabe me dizer em que parte estava brincando quando a perdeu?

Outra pergunta sem sentido. 

-Foi por aqui, mamãe disse ela, apontando para uma área de uns três metros quadrados.
Depois de procurar por alguns instantes, disse sua mãe:

 -Quem vai encontrar uma minúscula lente de contato numa grama alta e compacta como essa? Simplesmente impossível. Já tentamos. O jeito é comprar outra.

Susana fitou sua mãe com seu rosto inocente e disse:

 - Jesus sabe onde ela está. Ele sabe onde estão todas as coisas. Ele pode mostrar para nós. Vamos orar mamãe.

O sol declinava no céu. Ajoelharam-se ali mesmo, com as mãos ainda sobre a grama onde haviam feito "pente fino", e fecharam os olhos. Em seu coração, a mãe, pediu que o Senhor lhe dissesse palavras para explicar a ela que Deus nem sempre resolve por nós todos os nossos pequenos problemas.
As duas oraram. Quando abriram os olhos, o dedo indicador da mãe apontava diretamente para a lente de contato, que brilhava aos raios derradeiros do sol, como se dissesse: "Aqui estou eu".

Sua filha saberá sempre que existe Alguém que se importa com as grandes coisas e com as pequenas coisas.
Muitas vezes, através dos anos, perdemos "coisas" em nossas vidas, mas o Senhor nos ajuda a abrir os olhos, fazendo-nos lembrar que, se Ele conta os próprios fios de cabelo de nossa cabeça e sabe quando um pardal cai, sem dúvida cuida de nós e nos guiará, desde que coloquemos o coração em Suas mãos como as criancinhas.

Um comentário:

Jorge Ramiro disse...

Quando eu era criança eu tinha um problema e o problema era que eu não podia ver bem. Os professores pensavam que tinha uma dificuldade de aprendizagem, mas meu pai era mais esperto e percebeu que eu tinha problemas para ver. E só resolvido com lentes de contato.