Conta-se que, perto de
Tóquio, capital do Japão, vivia um grande samurai.
Já muito idoso, ele
agora se dedicava a ensinar o zen aos jovens. Apesar de sua idade, corria
a lenda de que ainda era capaz de derrotar qualquer
adversário.
Certa tarde, apareceu
por ali um jovem guerreiro, conhecido por sua total falta de escrúpulos. Era
famoso por usar a técnica da provocação.
Utilizando-se de suas
habilidades para provocar, esperava que seu adversário fizesse o primeiro
movimento e, dotado de inteligência e agilidade, contra-atacava com velocidade
fulminante.
O jovem e impaciente
guerreiro jamais havia perdido uma luta.
Assim que soube da
reputação do velho samurai, propôs-se a não sair dali sem antes derrotá-lo e
aumentar sua fama.
Todos os discípulos do
samurai se manifestaram contra a ideia, mas o velho aceitou o
desafio.
Foram todos para a praça
da pequena cidade e diante dos olhares espantados, o jovem guerreiro começou a
insultar o velho mestre.
Chutou algumas pedras em
sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos conhecidos, ofendendo
inclusive seus ancestrais.
Durante horas fez tudo
para provocá-lo, mas o velho permaneceu sereno e impassível.
No final da tarde,
sentindo-se exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro
retirou-se.
Desapontados pelo fato
de o mestre ter aceitado calado tantos insultos e provocações, os alunos
perguntaram:
Como o senhor pôde
suportar tanta indignidade?
Por que não usou sua
espada, mesmo sabendo que podia perder a luta, ao invés de mostrar-se covarde
diante de todos nós?
O sábio ancião olhou
calmamente para os alunos e, fixando o olhar num deles lhe
perguntou:
Se alguém chega até você
com um presente e lhe oferece mas você não o aceita, com quem fica o
presente?
Com quem tentou
entregá-lo, respondeu o
discípulo.
Pois bem, o mesmo
vale para qualquer outro tipo de provocação e também para a inveja, a raiva, e
os insultos, disse o
mestre.
Quando não são aceitos,
continuam pertencendo a quem os carregava consigo.
Por essa razão, a sua
paz interior depende exclusivamente de você. As pessoas não podem lhe tirar a
calma, se você não o permitir.
*
* *
Sempre que alguém tentar
tirar você do sério, lembre-se da sábia lição do velho
samurai.
Lembre-se, ainda, que
seus atos lhe pertencem. Só você é responsável pelo que pensa, sente ou
faz.
Só você, e mais ninguém,
pode permitir que alguém lhe roube a paz ou perturbe a sua
tranquilidade.
Foi por essa razão que
Jesus afirmou que só lobos caem em armadilhas para lobos.
Assim, aceitar
provocações ou deixar que fiquem com quem nos oferece, é uma decisão que cabe
exclusivamente a cada um de nós.
Pensemos
nisso!
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