Conta um sábio autor indiano:
“Era um homem de boas intenções, mas mesquinho,
sempre atormentado com o seu futuro.
Um dia, quando estava no banco, ele perguntou ao caixa:
-Não se sente feliz quando as pessoas fazem depósitos?
-Não, senhor.
-E quando tiram o dinheiro?
-A mesma coisa...
Não sinto qualquer preocupação ou alegria.
Eu sei que tudo pertence ao banco e a seus proprietários.
Estou aqui só para contar e prestar contas.
Ganhos e perdas não me dizem respeito.
Sei que a nenhum cheque autêntico
é recusado pagamento.
Assim que o homem rico saiu do banco,
um homem cego acercou-se dele
e pediu uma moeda.
Ele pensou um pouco e deu-lhe uma cédula.
Uma voz vinda de seu interior falou:
“Não é este mundo o Banco do Todo Poderoso
e eu seu caixa? Lucros e Perdas
não devem ser para mim causa de mínima preocupação.
Eu devo pagar todos os cheques Divinos emitidos ao pobre,
ao necessitado e ao incapacitado”.
Na vida existem meios e existem fins.
Quando eles são confundidos,
a confusão e a desarmonia se instalam.
Um exemplo bem visível disso é o dinheiro.
Ele é um meio. Porém, muitos o transformam em um fim.
E o resultado inevitável disso é a dor.
Quando uma pessoa dedica a sua existência
à perseguição da riqueza como um fim em si mesma,
ela anula, através de seu próprio comportamento,
todas as suas possibilidade honestas,
lícitas e naturais de obter a prosperidade.
A abundância, inclusive a material, é algo que vem a reboque
de uma atitude de Desprendimento e de Generosidade.
A abastança material não vem para aquele
que não está pronto para administrá-la,
pelo menos não através de expedientes imaculados.
Quando fazemos a nossa parte,
trabalhando alegremente pelo nosso próprio sustento,
Deus nos provê de tudo o que for necessário
tanto para a sobrevivência do nosso corpo
e de nossos dependentes
quanto para as experiências existenciais
pelas quais precisemos passar.
Não é sábio desejar o que Deus não deseja para nós.
Não vai aqui nenhuma pérola de conformismo,
mas apenas uma ponderação.
Um homem espiritualmente amadurecido e responsável
sabe que a riqueza pode se constituir numa dura prova.
Por isso ele não a requisita a Deus, pois sabe que,
se for preciso que ele passe pela experiência da riqueza
para que a sua alma cresça,
ela acontecerá espontaneamente.
Assim, se ela surge, ele pede inspiração para que
possa aproveitá-la bem no sentido de desenvolver
as suas próprias virtudes
dentro do caminho que Deus lhe reservou.
A riqueza é possível. Claro que sim.
Tão possível que, se ela estiver no projeto de Deus
para a nossa vida, nós a obteremos
sem precisarmos nos desesperar para isso.
Para quem está pronto,
a abundância financeira se constitui na possibilidade
de ajudar muitas pessoas. Porém,
para aquele que não está,
ela trás apenas um número ainda maior de problemas.
O indivíduo que não sabe atribuir ao dinheiro
o seu devido papel,
complica a sua própria vida e também a da sociedade,
pois faz com que muitos sejam privados de bens essenciais
a sua sobrevivência física.
Para um indivíduo avarento, ganancioso e sem escrúpulos,
o melhor, para o seu próprio bem e o da coletividade
na qual está inserido, é que fique distante
das grandes somas de dinheiro.
Pois, do contrário, quanto maior for a fortuna que ajuntar,
maiores serão os prejuízos provocados
pela sua obsessão financeira.
E, como todo sofrimento retorna para aquele que o provoca,
cada choro de criança faminta,
cada família desabrigada e cada privação
decorrente de sua ambição insana
se converterá num fardo doloroso
que terá de amargar como recompensa
pelas iniquidades que praticar.
Todos sabemos que um bêbado não deve ser posto
para vigiar uma adega.
Sempre que alguém mesquinho e despreparado
para a riqueza detém vastos recursos materiais,
ali não está presente a Benção de Deus.
A Providência jamais se engana.
Ela não autoriza que uma pessoa repleta de vícios
tenha acesso à opulência.
Quando um indivíduo moralmente indigente consegue reunir
um enorme patrimônio material,
ele o faz por sua própria conta, ou seja, roubando,
trapaceando e cobiçando.
Qual o critério utilizado por Deus para distinguir o homem
que merece a riqueza? É simples:
aquele que é generoso, despojado, simples, sincero,
leal, puro, desinteressado
e que não precisa da riqueza para nada.
Deus só escolhe como o legítimo administrador
dos recursos do mundo quem já é imensamente rico,
mesmo na pobreza.
Somente os desprendidos e os humildes podem
prestar conta corretamente dos recursos materiais
que Deus colocou em suas mãos,
pois estes não negarão o amparo e o pão
a todos aqueles que os procurarem.
Só Deus é Dono. Só Ele dispõe.
E só os mansos são os legítimos herdeiros da Terra.
No Banco do Mundo é mais sábio
aquele que canaliza recursos para ajudar o seu próximo.
Pois ninguém deve agir como se fosse o usuário exclusivo
de algo que não lhe pertence.
Devemos auxiliar a todos aqueles que verdadeiramente precisam, direcionando corretamente aquilo
que nos foi confiado por Deus.
O homem não veio ao mundo para passar necessidades
ou para ser desonesto e insensível
aos problemas de seus semelhantes.
Nós estamos aqui para sermos ajudados e para ajudar.
Para precisarmos uns dos outros
e para atendermos às necessidades uns dos outros.
Porque a vida não é uma lição de insulamento,
mas de ternura
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