terça-feira, 18 de agosto de 2009

Ajudar





Conta um sábio autor indiano:

“Era um homem de boas intenções, mas mesquinho,

sempre atormentado com o seu futuro.

Um dia, quando estava no banco, ele perguntou ao caixa:

-Não se sente feliz quando as pessoas fazem depósitos?

-Não, senhor.

-E quando tiram o dinheiro?

-A mesma coisa...

Não sinto qualquer preocupação ou alegria.

Eu sei que tudo pertence ao banco e a seus proprietários.

Estou aqui só para contar e prestar contas.

Ganhos e perdas não me dizem respeito.

Sei que a nenhum cheque autêntico

é recusado pagamento.

Assim que o homem rico saiu do banco,

um homem cego acercou-se dele

e pediu uma moeda.

Ele pensou um pouco e deu-lhe uma cédula.

Uma voz vinda de seu interior falou:

“Não é este mundo o Banco do Todo Poderoso

e eu seu caixa? Lucros e Perdas

não devem ser para mim causa de mínima preocupação.

Eu devo pagar todos os cheques Divinos emitidos ao pobre,

ao necessitado e ao incapacitado”.

Na vida existem meios e existem fins.

Quando eles são confundidos,

a confusão e a desarmonia se instalam.

Um exemplo bem visível disso é o dinheiro.

Ele é um meio. Porém, muitos o transformam em um fim.

E o resultado inevitável disso é a dor.

Quando uma pessoa dedica a sua existência

à perseguição da riqueza como um fim em si mesma,

ela anula, através de seu próprio comportamento,

todas as suas possibilidade honestas,

lícitas e naturais de obter a prosperidade.

A abundância, inclusive a material, é algo que vem a reboque

de uma atitude de Desprendimento e de Generosidade.

A abastança material não vem para aquele

que não está pronto para administrá-la,

pelo menos não através de expedientes imaculados.

Quando fazemos a nossa parte,

trabalhando alegremente pelo nosso próprio sustento,

Deus nos provê de tudo o que for necessário

tanto para a sobrevivência do nosso corpo

e de nossos dependentes

quanto para as experiências existenciais

pelas quais precisemos passar.

Não é sábio desejar o que Deus não deseja para nós.

Não vai aqui nenhuma pérola de conformismo,

mas apenas uma ponderação.

Um homem espiritualmente amadurecido e responsável

sabe que a riqueza pode se constituir numa dura prova.

Por isso ele não a requisita a Deus, pois sabe que,

se for preciso que ele passe pela experiência da riqueza

para que a sua alma cresça,

ela acontecerá espontaneamente.

Assim, se ela surge, ele pede inspiração para que

possa aproveitá-la bem no sentido de desenvolver

as suas próprias virtudes

dentro do caminho que Deus lhe reservou.

A riqueza é possível. Claro que sim.

Tão possível que, se ela estiver no projeto de Deus

para a nossa vida, nós a obteremos

sem precisarmos nos desesperar para isso.

Para quem está pronto,

a abundância financeira se constitui na possibilidade

de ajudar muitas pessoas. Porém,

para aquele que não está,

ela trás apenas um número ainda maior de problemas.

O indivíduo que não sabe atribuir ao dinheiro

o seu devido papel,

complica a sua própria vida e também a da sociedade,

pois faz com que muitos sejam privados de bens essenciais

a sua sobrevivência física.

Para um indivíduo avarento, ganancioso e sem escrúpulos,

o melhor, para o seu próprio bem e o da coletividade

na qual está inserido, é que fique distante

das grandes somas de dinheiro.

Pois, do contrário, quanto maior for a fortuna que ajuntar,

maiores serão os prejuízos provocados

pela sua obsessão financeira.

E, como todo sofrimento retorna para aquele que o provoca,

cada choro de criança faminta,

cada família desabrigada e cada privação

decorrente de sua ambição insana

se converterá num fardo doloroso

que terá de amargar como recompensa

pelas iniquidades que praticar.

Todos sabemos que um bêbado não deve ser posto

para vigiar uma adega.

Sempre que alguém mesquinho e despreparado

para a riqueza detém vastos recursos materiais,

ali não está presente a Benção de Deus.

A Providência jamais se engana.

Ela não autoriza que uma pessoa repleta de vícios

tenha acesso à opulência.

Quando um indivíduo moralmente indigente consegue reunir

um enorme patrimônio material,

ele o faz por sua própria conta, ou seja, roubando,

trapaceando e cobiçando.

Qual o critério utilizado por Deus para distinguir o homem

que merece a riqueza? É simples:

aquele que é generoso, despojado, simples, sincero,

leal, puro, desinteressado

e que não precisa da riqueza para nada.

Deus só escolhe como o legítimo administrador

dos recursos do mundo quem já é imensamente rico,

mesmo na pobreza.

Somente os desprendidos e os humildes podem

prestar conta corretamente dos recursos materiais

que Deus colocou em suas mãos,

pois estes não negarão o amparo e o pão

a todos aqueles que os procurarem.

Só Deus é Dono. Só Ele dispõe.

E só os mansos são os legítimos herdeiros da Terra.

No Banco do Mundo é mais sábio

aquele que canaliza recursos para ajudar o seu próximo.

Pois ninguém deve agir como se fosse o usuário exclusivo

de algo que não lhe pertence.

Devemos auxiliar a todos aqueles que verdadeiramente precisam, direcionando corretamente aquilo

que nos foi confiado por Deus.

O homem não veio ao mundo para passar necessidades

ou para ser desonesto e insensível

aos problemas de seus semelhantes.

Nós estamos aqui para sermos ajudados e para ajudar.

Para precisarmos uns dos outros

e para atendermos às necessidades uns dos outros.

Porque a vida não é uma lição de insulamento,

mas de ternura



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