sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Planos da amizade...


Gostamos de colocar a amizade no seu plano mais alto.

«Sem amigos ninguém escolheria viver, ainda que houvesse outros bens», diz Aristóteles, ilustrando essa nossa propensão de elevar a amizade até às suas expressões mais elevadas e exigentes – um plano que se confunde com o do amor.

E é legítimo que o façamos. A amizade pode ser uma forma de amor, de fraternidade no sentido mais pleno do termo.

Há muitas definições de amizade, nestes termos:


Dois amigos são uma mesma alma vivendo em dois corpos.

Na pobreza como no infortúnio, os homens encontram o seu único refúgio nos amigos.

Se fossemos todos amigos não necessitaríamos de Justiça, mas mesmo que todos fossemos justos não deixaríamos de necessitar de amigos.


Um amigo verdadeiro resolve os males da vida.


Dois amigos não emprestam ou dão nada um ao outro; tudo é comum entre eles, a exemplo do que acontece entre cônjuges, onde a lei determina que tudo seja comum e nada haja para dividir.

As relações entre dois amigos de verdade implicam que as ações por dever desapareçam, e se deteste e se proíba todas as palavras que impliquem separação e diferença – lucro, obrigação, gratidão, entreajuda, agradecimento e outras semelhantes.


E no entanto a amizade pode não envolver amor. Correntemente ela situa-se num plano menos exigente: a do convívio, do jogo social, da alegria partilhada:
«A amizade é a alegria partilhada»

Esta segunda perspectiva de ver a amizade, não a diminui verdadeiramente. Ela continua a ser fundamental. Necessitamos do espaço de convívio, de jogo, de alegria, de comunicação, de interacção da humanidade. A nossa natureza humana não o dispensa.

A amizade nutre-se de comunicação.

O ser humano vive também de música, de contemplação, de flores, de sorrisos.

Gostar e não gostar das mesmas coisas: é aí que se funda a verdadeira amizade.

Partilhar os momentos alegres ou tristes, confessar os segredos e os projectos mais íntimos, são parte especial da amizade.

E no entanto não apreciamos que a amizade seja só isso. Gostamos que ela envolva também fraternidade, cumplicidade, ajuda. E quando esta última dimensão – muito próxima do amor, ou confundindo-se com o amor – falha, lamentamos, e consideramos o fato como uma traição:

Aquilo a que chamamos vulgarmente amizades mais não é do que segredos e familiaridades guiadas pela ocasião e pelo comodismo.

O que os homens designam por amizade não é mais do que uma sociedade, uma combinação de interesses, e uma troca de bons ofícios; não é, enfim, mais do que um comércio onde o amor-próprio se propõe ter sempre qualquer coisa a ganhar.

Meus caros amigos, não há amigos.

A amizade extrema e delicada pode ser ferida pelo espinho de uma rosa.

A amizade comporta, como o amor, os seus ciúmes e as suas susceptibilidades.

Uma verdadeira amizade é tão rara como um cisne negro.



Um comentário:

Anônimo disse...

Olá Rita, que linda sua mensagem de hoje, muito verdadeira! Um beijo no seu coração e um domingo abençoado!
Bjs
Arlete