quarta-feira, 2 de abril de 2008

Pipocas da Vida



Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho para sempre.


Assim acontece com a gente.


As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo.


Quem não passa pelo fogo, fica do mesmo jeito a vida inteira.


São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosa.


Só que elas não percebem e acham que seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.


Mas, de repente, vem o fogo.


O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos: a dor.


Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, o pai, a mãe, perder o emprego ou ficar pobre.


Pode ser fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão ou sofrimento cujas causas ignoramos.


Há sempre o recurso do remédio: apagar o fogo!


Sem fogo o sofrimento diminui.


Com isso, a possibilidade da grande transformação também. Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro cada vez mais quente, pensa que sua hora chegou: vai morrer.


Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar um destino diferente para si.


Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada para ela.


A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz.


Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo a grande transformação acontece:


BUM!


E ela aparece como uma outra coisa completamente diferente, algo que ela mesma nunca havia sonhado.


Bom, mas ainda temos o piruá, que é o milho de pipoca que se recusa a estourar.


São como aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar.


Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem.


A presunção e o medo são a dura casca do milho que não estoura.


No entanto, o destino delas é triste, já que ficarão duras a vida inteira.


Não vão se transformar na flor branca, macia e nutritiva.


Não vão dar alegria para ninguém.

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